O ser humano é naturalmente empírico. A razão ele descobre ao compasso do seu crescimento e evolução. Vejamos um exemplo: como saber se alguém está vivo? Bastaria ater-se a fenômenos observáveis, como respiração inabalada, capacidade cognitiva ou algum outro gênero desta espécie? Depende do referencial e do grau de satisfação de cada um. Há peculiaridades que os sentidos não podem absorver. Para conhecê-las, paradigmas precisam ser quebrados.
Mudemos a pergunta: o que faz alguém viver? A principal motivação. Seria um desejo? Uma ambição quase impensável? Que tal um ente querido? Talvez um pouquinho de todos eles perfazendo o adiante. Ah, e ele é complexo. Não se forma de uma hora para a outra, como lembretes na agenda. Não, muito pelo contrário, pilares maiores estão envolvidos. Se eles entrassem em colapso, a derrocada faria encontrar a única certeza da vida.
“Um homem sem história é como um livro sem palavras”. E a história são as pessoas que fazem, dentro de seus próprios enredos de “novela mexicana”. Na TV, parecem esdrúxulas, mas a realidade se aproxima demais da ficção quando assistimos de perto, em frente ou ao lado. Os mesmos vilões, os mesmos mocinhos e os mesmos monstros; facínoras de plantão. A arte não imita a vida; copia! Falta criatividade em encontrar tramas inéditas. Se a sorte sorrir, o folhetim vira sucesso mundial.
Para seguir em frente, o espírito deve permanecer em constante ebulição. Não dá para arrefecer, perder oportunidades! Cavalo encilhado passa apenas uma vez. E corcoveando. Segunda chance só existe para quem reconhece sua falta de convicção sobre determinado assunto. A difícil admissão da inépcia pessoal abre as portas para novos floreios do intelecto, em paragens verdes, banhadas pelo verde-mar. É muito lindo.
Reforço a pergunta: o que faz você viver? Que não seja um argumento vazio. Trivialidades não preenchem o espírito; apenas batem no casco. Aliás, não chegam nem perto. O que é um homem senão a soma de suas memórias? Nós somos os contos que vivemos, as histórias que contamos! Sem lembranças, é dado o pulo no escuro – intangível, puramente gravitacional. Ali uma força invisível mantém o corpo, pregando a sensação de angústia. É como se alguém se importasse, mas não tivesse a coragem de aparecer. Nunca se atreva, portanto, a dar o pulo no escuro. Pouquíssimos regressam para contar a experiência.
Se a convicção exigir, solidão pode ser uma amiga fiel. Mas ela é exclusivista e não deixa os indivíduos saírem de sua teia. Um dos princípios básicos do espírito é conhecer os outros, ladrilhar pontes douradas de diferentes culturas e caminhar por elas falando português, italiano, alemão e aramaico. Outras nacionalidades também são bem-vindas. Trata-se de uma abertura dos portos. A bandeira branca hasteada para aduzir que ali é um território de paz, onde os canhões da guerra jamais entraram e jamais entrarão.
A escolha é das pessoas. O que faz você viver? Já chegou a uma resposta conclusiva ao questionamento? Se não estiver na ponta da língua, enleve a análise. A autoanálise. Pergunte o que você está fazendo consigo. Vale a pena continuar naquele rumo? Mude sua convicção, resfrie o sangue e palpite o coração em batidas cronometradas, dentro do prumo, ciente de suas responsabilidades.
Não existe mistério.
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