A cena era pitoresca. Uma senhora, longínqua em idade, passava tranquilamente seus itens pelo caixa de um supermercado. Seus olhos escuros, convictos, sabiam que o aporte financeiro disponível seria suficiente para adquirir os produtos selecionados. Eis que acontece uma surpresa. A atendente informa um valor acima do esperado. A senhora fica, por alguns instantes, catatônica. “Achei que ia dar”, disse. Para seguir adiante, abandonou dois pacotes de feijão e uma sacola de maçãs.
Esse episódio ocorrido com uma cidadã comum, desconhecida do grande público, acontece com grande parte do povo brasileiro. Vivemos um período de crise. Isso não é nenhuma novidade. A indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda tende a impor certa austeridade ao setor, buscando reconquistar a confiança do empresariado e a fim de livrar a população dos altos preços. Até a situação se normalizar, o consumidor terá de mostrar resiliência financeira se quiser sobreviver.
Em entrevistas recentes, o novo ministro descartou um “saco de maldades” para fazer correções na economia e nas contas do governo. A expressão foi utilizada para rebater as críticas sobre um possível aumento de impostos, isto é, confirmou que o aumento virá de forma suave. Invariavelmente, a tensão já paira em solo nacional. Está custoso demais subsistir no Brasil.
Levy tem atuado de forma transparente, demonstrando que as mudanças serão compatíveis com a proposta do governo de elevar a poupança. Pela primeira vez, ao que tudo indica, há consonância nos discursos do ministério e da presidência. Um contraponto, contudo, foi dado pela senadora petista Marta Suplicy, que, em entrevista bombástica ao “Estado de S. Paulo”, revelou sua inconformidade com as diretrizes do atual do governo, dando a entender que Dilma exerce certo grau de autoritarismo quando o assunto é delegar funções – e confiar nas pessoas que foram delegadas. Seria o caso de Levy. Na visão de Marta, ele não vai ter independência para trabalhar.
Ultimamente, parece que faltam motivos para o cidadão comemorar. A condição econômica, no sentido de conquistar uma existência digna, é fator preponderante para a felicidade. Não que todo cidadão precise ser rico para se sentir realizado. Nada disso. As pessoas precisam de menos preocupações. Vamos torcer que Dilma tenha acertado na escolha. É a segunda chance de um governo que teve grandes conquistas sociais, mas que encareceu demais a vida nos últimos anos.
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