A exibição do documentário 'Fernando Pessoa, o poeta fingidor', lotou a tenda Pasárgada. Com o enredo voltado para a vida do poeta português Fernando Pessoa, o documentário produzido pela TV Globo News foi exibido durante a programação da Feira do Livro e narra de maneira simples a vida e obra do poeta português, cuja sexualidade foi por muito tempo questionada.
O foco da reportagem do jornalista Claufe Rodrigues, filmado em Lisboa, é a conturbada vida amorosa do poeta e o reflexo em suas obras. Através de entrevistas com familiares, Rodrigues, consegue transpor, de modo acessível, o que era capaz de inspirar este poeta.
Com uma vida sem muitos requintes, Fernando Pessoa morreu na miséria e muito jovem devido uma cirrose hepática. Durante a trajetória, Pessoa trabalhou como correspondente de cartas, sua fonte de renda até o fim da vida. Nascido em 1888, na cidade de Lisboa, era muito jovem quando perdeu seu pai, mas sua mãe casou-se novamente. Devido a essa união, Pessoa foi morar na África, na cidade de Durbam. Segundo alguns historiadores e críticos de literatura, essa passagem pela África foi preponderante para o início de sua vida literária, pois com medo de ser esquecido pela família, iniciou uma coletânea de cartas escritas endereçadas a eles.
É fato que Fernando Pessoa abdicou de vários prazeres da vida em nome da literatura, o seu único fluido incentivador da vida. Quanto aos amores, ponto questionado, sabe-se que houve uma jovem a quem ele dedicou seu amor e sua atenção, porém, por pouco tempo. A relação com a amada Ophelia terminou devido à necessidade de escrever do poeta.
Sua suposta "virgindade", muito questionada, tal como sua sexualidade, é até hoje obscura. Através das cartas escritas para sua amada Ophelia, a tensão sexual é percebida com veemência. Se ambos viveram uma paixão sexual, não se sabe, pois ficaram juntos por pouco tempo. Entretanto, Ophelia só se casou com outro homem, após a morte do poeta.
Enfim, a vida de Fernando Pessoa, ao que tudo indica, segundo o jornalista Claufe Rodrigues, é uma serie de contradições. Ao passar por todos os lugares onde o poeta viveu em Lisboa, Claufe tentou desmistificar a sua trajetória, além de buscar uma aproximação com a sua vida real, longe do sonho e do ilusório.
Autopsicografia
Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. |