O Fronteiras do Pensamento 2012 recebeu nesta segunda-feira (28/05) a doutora em filosofia indiana e ativista ambiental, Vandana Shiva. Em sua conferência sobre "Democracia da terra – a criação de economias vivas e da democracia viva", enfatizou a importância de repensar a economia de modo a valorizar o meio ambiente. O evento ocorreu no Salão de Atos da Ufrgs.
Para a palestrante, é preciso pôr fim à ideia de que a humanidade e a natureza estão separadas. Vandana procura conscientizar as pessoas de que o modo como é feita a produção agrícola atinge diretamente o cidadão. Segundo ela, a exploração predatória da terra para fins econômicos traz prejuízos à saúde das pessoas devido ao uso de agrotóxicos, que também contaminam o solo. Além disso, o cultivo da monocultura enfraquece a terra, o que pode torná-la improdutiva. "Nós nos separamos da natureza e dos animais, e com isso criamos a fome e o sofrimento", afirma Vandana.
Outro problema a ser enfrentado é a fome. A ativista criticou a economia capitalista que prioriza a produção de biocombustíveis, enquanto pessoas ao redor do mundo não têm o que comer. "Mesmo com a enorme produção de comida, ainda há pessoas passando fome. E isso ocorre porque os alimentos são usados para produção de combustível", defende Vandana.
Além disso, é preciso rever quais são os critérios usados para medir o desenvolvimento das nações, como o Produto Interno Bruto (PIB). Segundo a palestrante, eles são insuficientes, pois não levam em conta a produção de subsistência, valorizando apenas o que pode ser comercializado. Como alternativa, Vandana citou avaliações onde também é analisado o rendimento per capita, como o Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), aplicado no Butão.
Ao encerrar, a conferencista comentou que para reverter o quadro dos problemas ambientais e alcançar maior justiça social, é necessário pensar outra forma de produção, onde a natureza seja mais valorizada. "Só uma economia baseada na natureza é que poderá criar uma economia realmente democrática", defendeu.
|